O BNDES
vinha nos últimos anos reduzindo seu tamanho e sua importância relativa no
mercado de crédito brasileiro.
No fim de
2015 o saldo das operações de crédito do BNDES somava R$ 633,4 bilhões, no fim
de 2019 o valor já estava em R$ 382,4 bilhões.
Este
processo de “encolhimento” do BNDES ocorreu em meio aos esforços dos últimos
governos para fomentar o crédito privado de longo prazo, através do mercado de
capitais ou mesmo dos financiamentos convencionais, via bancos.
Devido à
crise provocada pelo novo coronavírus, e como os bancos ainda não estavam
seguros para liberar mais crédito, o BNDES teve que ampliar seu papel, voltando
a liberar mais crédito nos últimos meses, com foco nas pequenas e médias
empresas, conforme informação do próprio banco.
Dados do
Banco Central mostram que, apenas no segundo trimestre deste ano, o banco de
fomento concedeu R$ 17,2 bilhões de crédito a empresas de todos os portes.
O montante
é 247,8% maior que o verificado no primeiro trimestre do ano, quando o surto de
covid-19 ainda não havia se intensificado.
Apenas nas
linhas de capital de giro, o avanço foi de 4.040,5%. Lembramos que o foco do BNDES não é oferecer capital de giro, mas
sim estimular os investimentos.
Em uma das
principais linhas – a do Programa Emergencial de Acesso ao Crédito (Peac) – o
Tesouro Nacional fez aportes para viabilizar operações do BNDES, mas a dinâmica
é diferente da vista no passado.
Voltado
para empresas com receita bruta anual entre R$ 360 mil e R$ 300 milhões, a
linha de crédito emergencial prevê que a União vai aumentar em até R$ 20
bilhões sua participação no Fundo Garantidor para Investimentos (FGI), gerido
pelo BNDES, para a cobertura das operações de crédito contratadas pelas
empresas.
A visão é
de que a pandemia acabou por acelerar uma série de ações que já estavam no
escopo da instituição, em especial as voltadas para empresas de menor porte. A
expectativa é de que os programas possam continuar, mesmo que o Tesouro não
promova mais aportes.
O BNDES
tem sua própria fonte de recursos, formada basicamente pelo Fundo de Amparo ao
Trabalhador (FAT) e pelo pagamento de empréstimos já concedidos. Além disso, o
banco de fomento pode captar recursos no mercado.
O governo
precisará voltar a discutir o papel do BNDES após a pandemia, pois o cenário econômico
e de investimentos das empresas serão outros.
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