A indústria brasileira defende uma
transição gradual para a economia circular, modelo que associa desenvolvimento
econômico ao melhor uso de recursos naturais. Esse foi o ponto central das
propostas que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) levou para as
discussões na semana passada do comitê da norma de economia circular da
Organização Internacional de Normalização (ISO, na sigla em inglês), formado por 70
países. A previsão é que a norma técnica entre em vigor a partir de 2023.
A indústria
brasileira quer que práticas como recuperação energética de resíduos e
eliminação de desperdícios nos processos produtivos sejam considerados na norma
internacional para o processo de transição para a economia circular.
“Temos de
considerar os diferentes estágios de maturidade de países nos critérios
estabelecidos na norma internacional de economia circular”, afirma o
gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Davi Bomtempo.
De acordo com o presidente da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), Mário William Esper, a
participação do Brasil nessas discussões é fundamental para ter os interesses
do país contemplados. Entre as questões polêmicas no acordo com países
desenvolvidos está o reconhecimento da geração de energia térmica a partir de
resíduos como um caminho de transição para a economia circular.
“Alguns países não
querem reconhecer essa prática como energia circular, mas quando há
transformação dos resíduos em combustível, contribui-se para a destinação mais
adequada dos resíduos, em especial o urbano”, explica Esper. “O Brasil precisa
desse reconhecimento para fortalecer a imagem da indústria brasileira como
sustentável, o que facilita o acesso a mercados lá fora.”
Pesquisa da CNI feita em 2019 mostra que 76,4%
das indústrias brasileiras adotam alguma prática de economia circular, mas 70%
delas nunca tinha ouvido falar do tema. O levantamento mostrou que a indústria
brasileira tem avançado em práticas como a eficiência no processo produtivo,
reuso de água, a reciclagem de materiais e a logística reversa.
No entanto, há um enorme potencial a ser explorado
para que o país seja protagonista no melhor uso de recursos naturais e em
inovação no design de produtos para ter maior vida útil e de modelos de
negócios que explorem mais novidades como a virtualização e o compartilhamento,
e que considerem os produtos como serviços.
Fonte: Agência de
notícias CNI.
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